A aventura do cinema começou com a clarividência - em duas dimensões e preto e branco - dos irmãos Lumière. Desde então, a sétima arte trouxe ao homem a possibilidade de entrar em mundos alheios e viver emoções desconhecidas. Mas a imersão do espectador nas histórias, até há pouco totalmente dependente da qualidade dos roteiros e da atuação dos intérpretes, ganhou outras feições com o avanço da tecnologia, especialmente com o aperfeiçoamento das três dimensões.
E essa febre por experimentar em primeira pessoa a ação de um filme, sendo mais que um simples espectador passivo, levou algumas redes de cinemas a ressuscitar a chamada quarta dimensão, que consiste em acrescentar ao 3D a estimulação sensorial, além da visão e da audição. Assim, graças a alguns dispositivos especiais, o espectador pode perceber cheiros sintéticos, sentir na pele efeitos climatológicos como vento, chuva e nevoeiro, ou crer que está presente em uma explosão como consequência de efeitos avançados de luz e de som. Além disso, a essa combinação podem ser acrescentados assentos articulados que movimentam o espectador ao ritmo da ação mostrada na tela.
O começo das quatro dimensões no cinema está sendo tímido, em parte porque requer um grande investimento para acondicionar as salas e adaptar os efeitos aos filmes e em parte porque a indústria é reticente a adotar mudanças radicais. Também é preciso levar em conta que a experiência em 4D não é do gosto de todos: a sensação pode ser tão envolvente que o espectador pode chegar a sofrer enjôos, como aconteceu entre grande parte do público que assistiu à projeção em quatro dimensões de um documentário sobre a vida marinha no National Sea Life Centre de Birmingham (Reino Unido).
Este desdobramento tecnológico não satisfaz a todos: seus críticos e os puristas da sétimo arte alegam que estes avanços desvirtuam a magia do cinema, que sempre deve se sustentar em um bom roteiro e uma atuação envolvente.